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Em baixo, a primeira cónica que escrevi para o Porto 24, em Outubro de 2011. Mais em baixo, links para as crónicas que se seguiram. Não tenho andado pelo porto.ponto, mas tenho andado pelo Porto...
Já nem sei como te escrever. Não porque tenhas andado longe ou porque eu tenha partido. Mais exatamente porque ficamos. Eu que não te troquei por Nova Iorque e tu que tardas a olhar em frente. Ficar é um estado de identidade. Tão forte que quando te quero ver e escrever me fico hesitante, preso a esta pele em que tu te tornaste.
Sabes que me fazia bem um pouco de futuro. Uma coisa assim rasgada, que não passasse só por obras públicas e discursos de cata-vento. Dinheiro não é assunto, pelo menos até os mercados estarem mais frescos, por isso passemos ao largo. Mas não é pelo dinheiro, nem pela falta dos sacrossantos espaços, que lugares vagos são que o não falta nesta cidade. Nem é uma questão de ideias, que elas aparecem se tu as souberes ouvir. Queria era que não te escondesses atrás da mediocridade de tanto tempo perdido e te fizesses ao mar.
Como eu te queria Porto era a ferver de entusiasmo. Era que te achasses mais digno de te saberes com futuro. De te olhares, vendo-te como quem fica, como quem está, mas sabe partir de um pulo e ver-se lá muito mais para a frente. Queria esse murmúrio que por vezes se pressente em algumas caras e em algumas ruas, em certos dias e noites, irrompesse num clamor de energia.
Mais do que de um sentir, eu quero saber escrever-te sobre o sentido. Por que mais do que como uma pele, quero-te como uma bandeira. Naturalidade, residência, saudade têm de fazer o sentido de não serem só ditas como uma tatuagem, mas como o sinal de um querer.
Porto, escrevo-te a partir daqui na pública esperança de que no meio dos teus dias eu possa encontrar a chama com que cumprirás os nossos desejos.
Quem chamou a atenção foi TAF na Baixa do Porto. Aqui ficam algumas imagens pescadas no Arquivo do Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, que não é assim um ambiente muito amigável para a pesquisa mas onde se podem encontrar algumas imagens curiosas do Porto. Optei por algumas das mais antigas, mas a generalidade são, como seria óbvio, de levantamento patrimonial.
Aqui ficam três artigos meus bem recentes, sempre com o Porto como pano de fundo.
Aqui um link para um slideshow sobre o antes e o depois dos cafés do Porto (vê-se melhor no ecrã todo...). E também vai para a mesa uma foto do interior do novo Astoria.
A propósito da inclusão da estação de São Bento, numa lista das estações mais bonitas do mundo pela edição on line Travel & Leisure, muitos foram os artigos ilustrados com foto do hall principal. Essa é a sala onde mora o motivo de tal distinção, os 22 mil bonitos azulejos de Jorge Colaço.
O projeto de decoração da gare foi adjudicado em 1905 pela quantia de 22 mil réis, considerada muito elevada para a altura. Os painéis, assentados em 1915, representam cenas da história de Portugal, como Egas Moniz perante o rei de Leão, o casamento de D. João I, a conquista de Ceuta, temas de etnografia do Minho e do Douro, figuras simbólicas e, no friso superior, é mesmo retratada a evolução dos transportes.
Os artigos que saíram quase não mostravam os azulejos. Eles são difíceis de fotografar e a Refer também não faz muito para os divulgar. Se existe alguma coisa, como uma brochura ou postais, para vender aos muitos turistas que a procuram, deve ser clandestina.
Aqui fica a fotografia de um painel, na altura do restauro e uma imagem que encontrei na net.
Se ainda pudéssemos querer alguma coisa de graça, que fosse agosto de volta ao sol. Sem isso, parece que todos os problemas que ainda estão lá à frente já nos estendem o tapete. É, em antecipação, o sonho que escorre pelo funil até ficar um fio. Uma luzinha que nos aquecesse o horizonte não era pedir muito. Temos um sol tão grande cá dentro e estas nuvens estão a tapá-lo.
Com doces nos enganamos, os tolos. A Dream Pils é uma "farmácia" de açucar que abriu portas na rua de Ceuta. Mais aqui.
Quem o diz é a revista norte-americana Travel+Leisure que destaca os azulejos do átrio principal. Rejubilemo aqui.
Cinza sobre cinza. A cidade, que em agosto abre a pedra à luz, dissolve-se no céu em dias como este, foge-lhe o contraste com o azul, sobrepõe-se a dolorosa melancolia. Guarda-sóis são abrigos à intempérie, as havaianas incómodos nos pés, os calções estão húmidos, os óculos de sol acessórios do ridículo e, subitamente, falta-nos chá. A cidade desliza húmida, bela, mas irónica, espetando-nos uma gota nos olhos como a dizer que o fim do verão está já ali.
Perante esta frente tropical há que manter a cabeça fria. A ideia levou-me até à Neveiros (do lado direito da Biblioteca Municipal, Rua Morgado Mateus) uma das últimas geladarias tradicionais do Porto (ainda há a Sincelo). Em Lisboa faz furor a Santini, e se os gelados da Neveiros não são tão bons também não desmerecem o passeio. Para prolongar o prazer, há caixas de esferovite para levar para casa o gelado. Uma bola de maracujá foi a minha escolha. E arrefeci com prazer.
A Neveiros também tem sítio na net e página no facebook.